Título: Melancia
Título original: Watermelon
Autor: Marian Keyes
País: Irlanda
Ano: 1996
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 489
Sinopse: Com 29 anos, uma filha recém-nascida e um marido que acabou de confessar um caso de mais de seis meses com a vizinha também casada, Claire se resume a um coração partido, um corpo inteiramente redondo, aparentando uma melancia, e os efeitos colaterais da gravidez, como, digamos, um canal de nascimento dez vezes maior que seu tamanho normal. Nada tendo em vista que a anime, Claire volta a morar com sua excêntrica família – duas irmãs, uma delas obcecada pelo oculto, e a outra, uma demolidora de corações; a mãe viciada em telenovelas e com fobia de cozinha; e o pai, à beira de um ataque de nervos. Após passar alguns dias em depressão, bebendo e chorando, Claire decide avaliar os prós e contras de um casamento de três anos. É justamente nessa hora que James, seu ex-marido, reaparece. Claire irá recebê-lo, mas lhe reservará uma bela surpresa.
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Mas, há muito tempo, antes de ter minha filha, pensei que seria lícito que meu antigo corpo me fosse devolvido, depois de emprestá-lo por nove meses. Sabia que já não seria capaz de chamar minha alma de minha, agora que era mãe. Mas tinha uma leve esperança de que ainda poderia chamar meus seios de meus. E estou envergonhada de dizer que tinha medo que, se amamentasse, seria vítima da síndrome do “seio encolhido, achatado, caído”.
Avaliação:

Eu preciso começar esta resenha contando para vocês que Melancia foi o único livro, em muitos anos, que conseguiu me fazer ficar acordada até de madrugada lendo. Para vocês entenderem a gravidade da situação, eu sou do tipo de pessoa que capota em qualquer lugar ao abrir um livro para ler. Metrô é meu point preferido. Outro agravante é o fato de que chick-lit é um gênero que nunca me atiçou a curiosidade. Maaaas, sim, eu devorei Melancia! E amei!!! Pois é… trocadilho.
O começo da história é chocante. Claire acabou de dar à luz sua filha e mal tinha acabado de acordar no quarto da maternidade, quando seu marido, James, anuncia que vai deixá-la, pois está há 6 meses tendo um caso com a vizinha do andar de baixo. Como se não bastasse, ela também é casada e eles vão morar juntos em um outro apartamento. Ele lamenta, pede desculpas, mas gira em torno dos seus calcanhares e simplesmente sai do quarto, indo embora.
Dali a 2 dias, com o bebê, que ainda não tinha nem ganhado um nome, Claire sai de Londres, onde estava morando, e pega um avião para voltar à casa dos pais, na sua cidade natal, Dublin, Irlanda.
A história é narrada em 1ª pessoa, sendo assim, testemunhamos bem de perto – ou dentro da mente de Claire, pra falar a verdade – toda a sua saga pós-abandono. Conhecemos sua família, que é excêntrica como qualquer outra, quando vista de fora. Ficamos ao lado da protagonista durante o seu período de quase-depressão. Sentimos as mesmas neuras, preocupações e amor incondicional decorrentes do ato de ser mãe. E continuamos a acompanhar o desenrolar do seu dia-a-dia, até que eventos interessantes acontecem: Claire conhece Adam – aproximadamente 5 anos mais novo, alto, atlético, absolutamente lindo –, que na verdade é amigo de faculdade da sua irmã mais nova e, do nada, James resolve aparecer em Dublin para “conversar”.
Talvez eu tenha gostado tanto de Melancia não exatamente pelo tema ou pela história. Se formos analisá-la bem friamente, veremos que não tem nada de tão diferente, exceto pela triste e inusitada situação do abandono. O que eu achei que o livro realmente tem de bom é o modo como a autora nos conta a história através da protagonista. O texto é leve, fluido e prende o leitor de um modo que você se apega e sente um enorme prazer em acompanhar tão de perto a vida de Claire. E, no final, quando tudo acaba, vem aquela necessidade desesperada de saber o que aconteceu depois, seguida de uma grande frustração e sensação de vazio ao entender que não há uma continuação desde livro.
Melancia foi o último livro do Desafio Realmente Desafiante. A meta do mês de dezembro era ler um livro que você ganhou de presente. Eu o ganhei em 2006, de um amigo muito querido, e demorei todo esse tempo para ler porque, bem, vocês sabem como é a fila, né…
