Título: O Mito da Monogamia
Título original: The Myth Of Monogamy
Autor: David P. Barash e Judith Eve Lipton
País: EUA
Ano: 2002
Editora: Record
Tradutor: Ryta Vinagre
Páginas: 320
Sinopse: Neste livro, utilizando novas pesquisas sobre sexo no mundo animal, os cientistas David P. Barash e Judith Eve Lipton põem fim à idéia de que a monogamia surge naturalmente. Na verdade, os biólogos descobriram que, para quase toda espécie, trair é a regra – para ambos os sexos.
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”Em quase todos os mamíferos, inclusive na maioria dos primatas, não aparece a monogamia. Nem os cuidados masculinos com os jovens. Já as aves, embora nem de longe tão monógamas como se pensava antigamente, pelo menos tendem a esse sentido. (Podemos dizer o mesmo dos seres humanos.) E não apenas isso, mas a monogamia social – ao contrário da monogamia genética – tem uma forte correlação com o envolvimento dos pais e das mães na criação dos filhos, uma situação que é comum em aves e muito incomum entre mamíferos, a não ser pelo primata semelhante às aves, o Homo sapiens.
Avaliação:
Título chamativo, assunto polêmico.
Este livro, além de afirmar que a monogamia como a conhecemos praticamente não existe no Reino Animal, também redefine o seu conceito, abrindo-a em 2 tipos: a monogamia social e a genética.
A monogamia social ocorre quando um macho e uma fêmea formam um casal e se ocuparão, juntos, da criação, alimentação e proteção dos seus filhotes. Já a monogamia genética se refere aos casos em que o macho e a fêmea copularão somente um com o outro, dentro do casal que eles formam. Ou seja, na monogamia social, nem todos os filhotes deverão ser descendentes ao mesmo tempo do macho e da fêmea do casal, devido à prática de cópulas extrapar.
Dentre os mamíferos, inclusive os primatas não-humanos, a ocorrência de qualquer tipo de monogamia é algo bastante raro. Já entre as aves, que eram tidas pelos biólogos como o maior exemplo de monogamia entre os animais, são, na verdade, adeptas da monogamia social. Sendo assim, nós, seres humanos, pelo nosso “modus operandi” em relação à perpetuação da espécie, seríamos muito mais aparentados com as aves do que com nossos primos macacos.
De forma bastante didática e através de inúmeros exemplos, baseados em estudos e observações de diversos animais – mas principalmente aves –, os autores relatam e analisam as variações do comportamento reprodutivo tanto do ponto de vista dos machos quanto das fêmeas.
Com base nestas observações, chega-se à conclusão de que os seres humanos são naturalmente polígamos, tendo inclusive evidências morfológicas e fisiológicas para garantir tal afirmação. Mas talvez a questão principal não seja apenas o que a Biologia diz, e sim, por qual razão optamos por ser monogâmicos (ainda que sociais). Como e por que a monogamia surgiu? Apesar dos seus desvios, por que ela funciona na maioria das sociedades? Por que em alguns povos polígamos, a monogamia também ocorre? Por que as tentativas de se criar uma sociedade utópica baseada na poligamia fracassaram? Por que, no fim das contas, a monogamia pode valer a pena?
Eu realmente gostei muito desse livro e minhas expectativas não só foram atendidas com relação ao seu conteúdo, mas também com relação à forma como foi exposto. A linguagem acessível, o humor no tom certo, as discussões científicas ou filosóficas e a forma como a abordagem do tema faz com que pensamentos preconceituosos e equivocados caiam por terra, tudo isso tornou a leitura extremamente agradável.
Recomendadíssimo!